segunda-feira, 19 de maio de 2008

XVII/V/MMV

Sou o teu anjo de asas invisíveis
Sou a imperatriz de gelo, arrogante e intocável

Sou a tua fada mágica, que inventa o teu sorriso em cada olhar escondido
Sou a praia numa noite de primavera cuja areia são as mãos que apertas nas tuas
Sou o vento que te beija os olhos
Sou o cálice de vinho que te concede a ilucidez de ser livre
Sou o ar que devoras quando explodes nas minhas mãos sempre que te toco
Sou o vulto que invade os teus sonhos e te devolve ao inconsciente
Sou o espelho que te reflecte
Sou o silêncio que te completa
Sou a água que te afoga em cada abraço
Sou a tua viagem sem retorno
Sou o teu sonho mais bonito
Sou a tua espada
Sou o teu sangue
Sou o teu anjo imaginado, impossível e eterno
Sou a morte que te devolve à vida
Sou o frio que te arrepia
Sou a lua que te encontra
... só tua

Rasgos

Senta-te.
No chão.
Comigo.


Só isso.

Inventa-nos. Desta vez, inventa-nos.
Inventa-me. Rasga-me a pele. Dissolve-me em ti. Devolve-me. A mim.

Perde-me. E procura-me. Inventa-me. Desenha-me na tua solidão desesperada e altiva.

Encontra-me. Aqui.

Senta-te comigo no chão.
Ao meu lado.

Só isso.

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Rascunho do teu rosto

Não estás aqui
(alguma vez estiveste?)

Pinto-te nas paredes, nos corredores escuros, nas sombras ténues de uma luz estéril

Revejo-te noutros rostos, vultos que passam

Invento-te nas horas

Espero-te
(sei que hoje não virás)

Segundos... Horas
(Horas mais longas que as reais)

Revejo-te em 7 segundos
(foram mesmo 7 segundos?)

Desenho o teu corpo nas minhas mãos, tímido e ansioso, cansado

7 segundos

Pousado nas minhas mãos com um anjo numa nuvem

Segundos ilusórios, o silêncio, o olhar e o sigilo

Ninguém nos viu
(Na verdade, eu também não tenho a certeza de te ter visto. Não soube
ouvir o que o teu olhar sussurrava naquele silêncio. As tuas mãos
eram como asas pousadas no meu rosto. Querias que olhasse para ti.
Querias olhar para mim - ver-me? Era tudo.)

Um traço de tinta com que pintei um quadro com aquelas cores.

Como sempre, pintei-te nos espaços brancos - os que mais gosto.

Fui-me embora. VOltei. Estou de novo entre as paredes onde te revejo.

Desta vez, estou só. Mais fraca. Não sorrio.

Sei que voltas. Amanhã ou depois. Em breve estarás cá novamente.

Voltarás.

Só não sei se serás o mesmo. Mesmo tu.