quinta-feira, 12 de junho de 2008

Carta I (MMV)

O mundo já não é como o sonhámos, já não tens o cabelo cheio de estrelas e já não somos o menino e a menina mais lindos do mundo, já não somos um do outro, já não nos amamos mais um ao outro.
Eu destruí o nosso amor e posso gritar isso quando quiser porque a loucura apodera-se de mim e sinto-me de novo a tua princesa vestida de negro, quem tu sempre sonhaste.
A tristeza arranca-me a minha máscara de seda cor-de-rosa, seda carmim e plástica e devolve-me ao que fomos, ao que sempre fui, porque loucura é fingir ser alguém que não somos e querer fugir do sangue que só pulsiona vida nas minhas veias e embebeda o corpo que um dia foi teu. E será para sempre, meu amor, porque és e serás o meu anjo.
E contra tudo e todos, d., acredito em ti, tarde demais mas acredito. Acredito nas tuas palavras, nos teus gestos, na tua voz, nas tuas lágrimas... acredito em ti, meu amor, nos teus abraços, no teu olhar, nos teus beijos, no teu toque, no teu corpo, no teu calor, ... acredito em ti, mais que tudo, porque eras o sangue que alimentava a minha vida, que erguia as minhas asas bem alto e me fazia o teu anjo... o anjo mudo... anjo que nunca soube ser...
Perdoa-me d. por todas as vezes que tornei os teus dias pesados, por todas as lágrimas que te fiz derramar, a ti, cujo sorriso iluminaria qualquer das minhas tristezas.. perdoa-me meu amor pelas palavras cruéis ditas sem sentimento, perdoa-me a falta de coragem e a nenhuma compaixão.. perdoa-me os abraços que nunca te dei quando me imploravas perdão por uma culpa que não era tua.. só minha... perdoa-me o destino cruel que dei ao teu sonho mais bonito.. perdoa-me as minhas asas não te terem amparado quando começaste a cair..
Tenho encenado personagens diversas, caminhado por cenários imensos, tenho tentado ensinar a minha alma a perdoar-me, tenho tentado dizer-lhe que o seu anjo não voltará mais, que não mais abrirá os olhos e verá à sua frente o teu rosto.. porque tudo se dissipou.. porque ao contrário do que te dizia em noites de mágica alucinação, o tempo existe e rouba-nos as coisas mais bonitas que temos.
Já não acordaremos mais com os dedos entrelaçados, não acariciarei mais os teus cabelos nem te segredarei mais que és o meu cavaleiro, o meu príncipe, meu amor, porque já não estás aqui..

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