domingo, 6 de julho de 2008

(Sem Título 0.1)

Fala-me hoje. No meio da multidão. Nesse teu modo invisível de fingir que estamos sozinhos. No meio da multidão. Que nos observa. Que não nos vê. Que nos sorri. Porque somos um prolongamento dessa multidão. Ali estamos nós, no abismo da multidão, os dois. Indiferentes ao movimento e ao barulho. Animados com conversas banais. Animados no conforto da superficialidade. Tentando encenar um ao outro as personagens que somos fora dali. Da multidão. Não sorris. Intencionalmente. É a tua forma de não fugir dali. De ficar. Já mo disseste. Lembras-te? Finges não me ver porque sabes que te vou procurar se não vieres. Olhas para mim com uma expressão de espanto ou de indiferença como se não me tivesses visto ainda. Finjo que acredito e não sei de nada. Fico ali, junto a ti. Perdemo-nos com conversas banais, denunciando, em códigos, o que aconteceu nos dias em que não estivemos juntos. Ficaria ali, o dia inteiro contigo. Entre conversas banais.

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